terça-feira, 7 de abril de 2015

Contra todas as probabilidades - publicação extraordinária

Oi gente! Hoje resolvi escrever duas vezes aqui no blog, pois decidi postar novamente os primeiros capítulos do meu primeiro romance "Contra todas as probabilidades", assim, quem ainda não conhece poderá ler um pouquinho e, caso se interesse, poderá acompanhá-lo nas publicações mais antigas (novembro, dezembro e janeiro) ou poderá lê-lo no Wattpad ou no Widbook!

PS: Quem já conhece pode matar saudade!

Beijos!

Contra todas as probabilidades




Capítulo um

Ana acordou e olhou no relógio do celular, eram 08:30h da manhã de um domingo que parecia ser mais um... Sem ânimo espreguiçou-se lentamente e decidiu levantar-se da cama.
Ligou o rádio e uma voz rouca cantava uma melodia de amor, pareceu-lhe bom o som que ouvia. Escovou os dentes, lavou o rosto tão devagar como se não tivesse pressa para terminar, olhou-se no espelho e viu algo que há muito não via: o seu próprio olhar.  Aquele que a fazia lembrar-se de quando sonhava e acreditava que um dia tudo iria dar certo no amor. Teve saudades de si mesma e sorriu. Amarrou o cabelo no alto da cabeça e foi preparar um café. Aquele cheirinho de café quente com chocolate que tanto amava despertou-lhe sensações boas. Realmente sentia-se diferente naquele dia, certo frenesi parecia tomar-lhe a alma. Terminou o café, colocou sua roupa de ginástica e foi caminhar no parque.
O vento no rosto, o cheiro de eucalipto vindo das árvores no ar, o barulho de crianças, algo insistia em tocar-lhe os sentidos. Começou a caminhar cada vez mais rápido até que se viu correndo, há tempos não corria. A liberação de adrenalina e endorfina pelo corpo só aumentava-lhe a sensação de prazer e de que aquele estava sendo um dia diferente.
Voltou para casa animada e teve vontade de organizar suas coisas, há muito não fazia isso! Seu trabalho consumia-lhe o tempo, mas não se importava, até gostava. Abriu as cortinas do quarto e as janelas. O vento entrou suave. Arrumou a cama e abriu o guarda-roupa. Quanta coisa ali já não usava mais! Decidiu ir tirando tudo que já não gostava e separou para doação. Deparou-se com um espaço enorme e sorriu satisfeita! Naquele instante, enquanto admirava o próprio feito, observou uma caixa onde costumava guardar lembranças. Pegou a caixa e sentou-se no chão e começou a vasculhar lentamente fotos da infância ao lado dos pais, cartas, tickets de museus, shows, parecia tão feliz naquelas lembranças que uma lágrima rolou pelos seus olhos. Colocou tudo de volta, tampou e a guardou no mesmo lugar, achava que ela ficava bem ali, como se assim pudesse proteger todos aqueles bons momentos que vivera. A fome bateu-lhe e resolveu cozinhar.
Saiu e foi à feira. Comprou legumes frescos e peixe, adorava peixe. Cozinhou com a felicidade de uma criança e pôs-se a cantarolar, gostava de cantar! Saboreou a refeição que acabara de fazer como se fosse a última que estava comendo na vida!
 - Que delícia! Pensou.
 De barriga cheia e com o corpo um pouco cansado da corrida no parque, ligou a TV e deitou-se no tapete no chão da sala. Mudando os canais, como quem procura algo interessante para ver, aquela voz rouca lhe chamou a atenção. Era a mesma voz que cantava a bela melodia de amor pela manhã no rádio, sorriu e deixou a TV neste canal. Uma banda nova de rock de nome “330 Hertz” se apresentava num show. Sentiu que realmente gostava daquilo e adormeceu feliz.        
Acordou assustada algumas horas depois, tomou um banho demorado, adorava a sensação de prazer da água quente em contato com sua pele. Com uma toalha enrolada nos cabelos e outra no corpo saiu do banheiro com vontade de enfeitar-se. Abriu o guarda-roupa satisfeita com a arrumação que fizera mais cedo e pegou uma caixinha com esmaltes e material para fazer as unhas. Sentou-se próximo à janela e sem pressa cortou, lixou, tirou as cutículas e pintou as unhas de vermelho, realmente ficava bem de esmalte vermelho! Escolheu um vestido leve e colorido, calçou confortáveis sandálias de salto, pegou a bolsa e saiu.
O dia estava lindo e merecia ser aproveitado. Foi ao shopping. Decidiu parar o carro um pouco antes e seguir caminhando a pé para desfrutar aquela bela tarde de primavera. As árvores pelo caminho estavam floridas, adorava ipês amarelos! O sol batia-lhe no rosto e uma brisa leve soprava-lhe os cabelos. Sentia-se bem como há muito tempo não sentia. Chegando foi a uma livraria. Caminhou por entre as prateleiras folheou um, depois outro e decidiu comprar um romance. Ainda estava admirada com suas unhas vermelhas! Sentia-se bonita. A livraria tinha uma sessão de música, parou por ali um momento. Coisas novas, coisas antigas...  Gostava de músicas antigas. De repente a capa de um DVD chamou-lhe a atenção.
 - Realmente hoje é dia de 330 Hertz! Pensou sorridente.
Resolveu levar também o DVD da banda nova de rock do moço da voz rouca. Pagou as compras e passeou pelo shopping olhando as vitrines. Sentou-se na praça de alimentação e pediu um sorvete de pistache.
 - Hum... Como isso é bom! Disse para si mesma baixinho.
Chegando à sua casa colocou o DVD novo para tocar, tirou as sandálias e sentou-se no sofá com os pés para cima.
- Não tinha reparado como aquele cantor era lindo! Falou em voz alta e levantou uma sobrancelha como fazia quando estava intrigada.
Aquele homem rouco cantando com os olhos fechados a estava matando! Após assistir o DVD ligou seu notebook e verificou seus emails e suas redes sociais.
 - Mais do mesmo!...
Balbuciou um pouco entediada. Até que um pensamento fortuito surgiu-lhe à mente e a fez sorrir:
 - Como chama mesmo aquele cantor gatinho?
 Vasculhando a internet encontrou tudo sobre a banda 330 Hertz e entrou nas páginas das redes sociais do tal Marcus, o cantor. Ficou horas ali vendo fotos, lendo os comentários das fãs, sentindo-se uma adolescente empolgada!
A fome bateu-lhe de novo e já estava tarde. Comeu o que sobrou do almoço, escovou os dentes, vestiu o pijama e foi dormir.
O relógio despertou às 07:15h, ainda estava com sono. Sonhou a noite toda com Marcus e acordou excitada. Tomou um banho quente e ensaboar seu próprio corpo estava causando-lhe arrepios.
- Ah Marcus!... Gemeu baixinho.
- Como isso é bom! Melhor que sorvete de pistaches…
 Saiu sorrindo do banheiro.
Chegou ao serviço pontualmente às 08:00h, o trânsito estava bom, pegou um café expresso na entrada e seguiu para seu escritório. Já tinha cliente esperando.
Ana era uma bela jovem de 27 anos, pele clara, cabelos e olhos castanhos. Tinha um sorriso lindo, com dentes perfeitos. Era bem sucedida profissionalmente. Trabalhava como decoradora de interiores numa firma de arquitetura e decoração da qual era sócia.
O casal que a aguardava entrou e ela os atendeu com todo seu entusiasmo. Entusiasmo para trabalhar era habitual em Ana, mas ela estava especialmente animada e em dias assim a equipe sabia que teria muito trabalho pela frente.
O dia passou voando! Decidiu os últimos detalhes para iniciar o projeto de reforma e decoração do primeiro casal do dia, visitou duas obras e saiu para fazer compras para uma terceira. Adorava o que fazia e seus clientes a amavam.
Chegou em casa às 19:00h exausta. Tomou um banho, jantou e começou a ler o livro que comprara no dia anterior.
A vida profissional de Ana ia muito bem, mas sua vida pessoal andava um pouco de lado. Já fazia um ano que não tinha namorado, nem um caso sequer. Adorava seus amigos, mas os via cada vez com menos frequência. Era uma mulher bem sucedida e solitária.
Leu um pouco e adormeceu.
A semana toda seguiu agitada, muitos compromissos de trabalho, poucas horas de lazer. Até que chegou sábado.  Acordou cedo e pulou da cama. Tomou seu delicioso café com chocolate e foi correr no parque. Quando chegou em casa o seu telefone estava tocando, havia deixado-o em cima da mesa da cozinha. Era sua amiga Carolina quem chamava.
- Bom dia Carol, quanto tempo!
- Bom dia, Ana, sua sumida! Abandonou os amigos, foi?
            - É a correria do dia a dia que deixa a gente sem tempo, amiga, jamais abandonarei vocês, sabe que eu te amo, não é mesmo?
- Amiga, vem almoçar comigo, estou morrendo de saudades, o Cris está em casa e chamou Ricardo e Amanda também! Venha, vai ser divertido!
- Ok, vou sim! Vou tomar um banho e estou indo para aí, querem que eu leve alguma coisa?
- Trás aquele sorvete de pistaches que adora! Beijos e até daqui a pouco.
 - Beijos e até!
Ana tomou um banho rápido, vestiu um short jeans e blusa regata, calçou uma sandália baixa, perfumou-se e passou seu batom vermelho preferido antes de sair.
O almoço foi muito agradável. Ana, Carol e Amanda eram amigas de infância e se adoravam, apesar de não se verem com frequência. Cris, marido de Ana, e Ricardo, namorado de Amanda, eram muito amigos e divertidos. Cris tocava violão muito bem e a turma toda adorava cantar junto com ele.
De repente Cris começou a tocar “Diga que sim”, um hit da banda 330Hz que Ana já amava e sabia de cor. Todos cantaram alto juntos e empolgados. Ao terminar a música Cris disse:
- Pessoal, não sabia que vocês também gostavam deles! São novos no mercado, mas muito bons, não é mesmo? Sabiam que eles virão fazer show aqui na cidade? Podíamos ir todos juntos, o que acham?
Ana estremeceu só de pensar em ver de perto o homem que andava perturbando-lhe o sono.
Muito animados todos concordaram e combinaram de ir juntos, até que Ana perguntou:
- Cris, quando será o show? Já estão vendendo ingressos?
Ele respondeu que o show seria dali a três semanas e que os ingressos já estavam a venda sim.
Ana foi logo dizendo:
 - Vamos comprar para ficarmos em frente ao palco, hein! Quero vê-los de pertinho!
 E sorriu ruborizada.                         
Os dias que se seguiram passaram rápido. Os amigos compraram os ingressos para assistir ao show na área vip em frente ao palco e Ana ouvia cada vez mais as músicas da 330Hz, nas suas poucas horas livres do dia,  na voz rouca de Marcus que lhe perturbava tanto. Os sonhos eróticos com o cantor estavam cada vez mais frequentes e reais.

Capítulo dois

A banda 330Hz tinha caído no gosto popular cantando canções de rock romântico e hits mais “rock and roll”. Era composta por quatro integrantes jovens, bonitos e tatuados. Dois deles eram cabeludos, mas quem vivia mesmo a atormentar o imaginário de Ana e de muitas mulheres país a fora era Marcus. Ele era um jovem de 25 anos que se destacava por ser alto, devia medir cerca de 1,90m, braços fortes e tatuados, pele clara, rosto bonito, nariz pequeno e perfeito, olhos castanhos sedutores e voz rouca estonteante.
A vida dos integrantes da banda mudara drasticamente nos últimos meses desde que haviam participado de um reality show musical. Antes desconhecidos do público a nível nacional, agora faziam shows em turnê por todo país e já contabilizavam seus primeiros milhões de seguidores nas redes sociais.
Marcus, o vocalista, era um menino tímido que cresceu gostando de música e tinha um dom natural para tocar instrumentos e para compor belas canções. Sua voz rouca e elástica, capaz de atingir desde tons bem agudos aos mais graves foi um destaque da banda desde suas primeiras apresentações no show da TV. Ele já vivia da música há alguns anos, cantando em bares à noite e nem sonhava que o sucesso estava tão perto de acontecer. Namorava há algum tempo Fabiana, por quem era apaixonado, mas a rotina dos shows país a fora estava deixando-os cada vez mais afastados. Fabi, como era carinhosamente chamada por ele, até tentava compreender a distância e o assédio das fãs, contudo já estava ficando cansada.
Após quatro noites seguidas sem dormir direito, vindo de shows em cidades diferentes, Marcus chegou a mais um hotel, onde os integrantes da banda descansariam por três dias até a próxima apresentação.
Cansado desfez a mala, tomou um banho, comeu um lanche e ligou para Fabi:
- Oi amor! Saudades de ouvir sua voz! Já faz dois dias que não nos falamos...
- Oi Marcus! Fizeram boa viagem?
- Fizemos sim, foram duas horas de viagem, com uma conexão um pouco demorada, mas o voo foi tranquilo, chegamos bem! O quê você está fazendo agora?
- Terminando um projeto para a Faculdade, também tenho provas na próxima semana. Os estudos e o trabalho estão me deixando exausta!
- Estou sentindo sua falta! Disse Marcus em tom melancólico.
- Precisamos conversar Marcus, isso não está dando certo! Tenho me sentido sozinha e sempre que vejo suas páginas nas redes sociais tenho vontade de enforcar umas mil fãs!
- Calma meu amor, você sabia que seria assim...
- Sabia, mas não estou conseguindo suportar! Acho melhor a gente terminar o namoro, dar um tempo, para vermos se é realmente isso que a gente quer.
E começou a chorar.
- Calma, não quero terminar nada, eu amo você!
Disse ele triste.
Fabiana, que não estava mais aguentando a situação, enxugou as lágrimas do rosto e disse com a voz firme:
- Vai ser melhor assim! Vá descansar, depois a gente conversa mais. Beijos. Boa noite!
 E desligou o telefone.
Marcus ficou perplexo. Por mais que amasse Fabiana, sabia que não estava sendo fácil, mas não imaginava que ela terminaria o namoro assim. Adormeceu chorando.
Passava das 10:00h da manhã quando o telefone do quarto tocou, ele abriu os olhos e o sol entrava por frestas na cortina.
- Alô! Disse ele.
Do outro lado da linha era Caio, guitarrista da banda que falou:
 - Bom dia “bela adormecida”! Vamos tomar café da manhã e malhar um pouco?
 Marcus realmente não estava afim, sentia-e cansado, ainda com sono e triste. Disse ao amigo:
- Vão vocês! Hoje meu dia vai ser na horizontal! Tô morto cara.
Caio até tentou insistir, mas foi em vão. Despediu-se do amigo e saiu do quarto para tomar café.
Marcus adormeceu novamente. Acordou assustado e com fome, passava do meio dia. Pediu o almoço no quarto mesmo. Comeu assistindo a TV, estava passando um jogo, adorava basquete, mas sentia-se desanimado. Terminou de assistir o jogo, tomou um banho e caiu na cama novamente, acordou só no outro dia. Levantou cedo, tomou café com os companheiros e foram os quatro para academia do hotel. Malharam e foram dar uma volta pela cidade, encontraram alguns fãs, tiraram fotos e deram autógrafos. No dia seguinte conferiram os preparativos para a próxima apresentação, eles foram até o local passar o som.
O show foi um sucesso, a casa estava lotada e os fãs cantavam junto. Isto os deixava muito emocionados. Fazia qualquer esforço valer à pena!
Já era hora de partir novamente.



Capítulo três

Ana sentia-o roçar seu rosto com a barba por fazer e beijar-lhe a boca demoradamente. Suas mãos passeavam por seu corpo e ela o desejava. Tirou a camiseta dele e passou as mãos por suas tatuagens, apertou-se naqueles braços fortes. Ele levantou sua saia e abaixou sua calcinha. Ela já estava delirando de prazer quando o despertador tocou.
Acordou encharcada de suor e louca de excitação. Esse homem andava perturbando-lhe a mente. Tomou mais um de tantos banhos demorados pensando em Marcus.
Vestiu-se e foi para o trabalho. O dia foi cheio, entretanto era sexta-feira e isto a animava. Ainda mais animada estava, pois o dia do show chegara, só mais uma noite e já seria sábado! O grande sábado pelo qual passou três semanas esperando. Ao chegar em casa ligou para as amigas. Tudo combinado, agora era só esperar. Dormiu tarde, pois estava um tanto agitada.
Acordou cedo no dia seguinte, tomou o seu café com chocolate rotineiro dos finais de semana e foi correr no parque. Ao voltar, tomou banho, depilou as pernas e virilhas, acabou depilando tudo, pois estava com vontade de se sentir assim toda depilada! Fez as unhas de vermelho, é claro, e começou a pensar em que roupa vestiria a noite. Ligou a TV, passava o jornal local, deixou cair o vidro de removedor de esmaltes que estava segurando quando viu Marcus sorridente respondendo às perguntas da entrevistadora.
- Meu Deus, como é lindo! Disse baixinho para si mesma. Sentou-se e assistiu a entrevista. Eles já estavam na cidade, era cedo ainda e uma ideia louca passou-lhe na cabeça:
- Eu podia encontrá-lo...
Preparou o almoço. Enquanto comia, a ideia de ver seu amado pessoalmente e poder falar com ele não lhe saía do pensamento. Terminou de almoçar, escovou os dentes, vestiu-se e ligou seu notebook a fim de descobrir onde a banda estava hospedada. Procurou, procurou e de repente uma nota em algum lugar, quase despercebida dizia que a banda se hospedaria no Hotel Ceblebration Inn.
- Nome mais apropriado não podia ter! Pensou sorrindo.
Calçou suas sandálias de salto preferidas e saiu.
Parou de frente ao hotel e percebeu que um grupo de pessoas agitava-se por lá. Ficou dentro do carro só observando o movimento e de repente viu Marcus na janela acenando para os fãs. Quase entrou em colapso nervoso. Queria vê-lo sim, mas não queria ser uma tiete tola com papel na mão atrás de autógrafo...
- Mas como fazê-lo? Pensa Ana, pensa! Disse a si mesma.
Desceu do carro decidida e encaminhou-se à recepção do hotel. Abriu espaço pelos fãs e entrou.
- Bom dia! Disse gentilmente para a recepcionista.
- Sou Ana Dulmon, decoradora de interiores, estou fazendo uma pesquisa de campo para uma publicação e tenho visitado os melhores hotéis da cidade em busca de inspiração.
Ana Dulmon era um nome conhecido na cidade e a recepcionista animou-se:
- Bom dia senhora, como poderia ajudá-la?
- Eu ficaria extremamente grata se me deixasse dar uma volta pelo hotel, seus corredores, áreas de alimentação e lazer!
- Claro senhora, fique à vontade! Vou pedir a alguém que te acompanhe!
O coração de Ana acelerou e suas mãos ficaram frias.
Depois de meia hora andando lentamente pelo hotel à espreita, tirando fotos vez ou outra e fingindo fazer algumas anotações, começou a pensar que aquilo era ridículo.
- E se ele não saísse do quarto? Como poderia encontrá-lo?
De repente uma voz familiar chamou-lhe a atenção:
- Com licença moça! Eu poderia passar por aqui?
Virou-se gelada e estava a 10 cm de distância dele:
- Marcus... Falou baixinho com os olhos assustados.
- Sim, sou eu!
Disse ele sorrindo e completou:
 - Perdão se a assustei!
- Não, desculpe-me você, eu estava distraída fazendo umas anotações sobre o hotel...
Ele sorriu novamente e perguntou:
- Trabalha aqui?
- Não, deixe-me apresentar, sou Ana Dulmon, decoradora de interiores, estou fazendo uma pesquisa de campo para um projeto.
Ele cumprimentou-a com um aperto de mão firme e perguntou em tom brincalhão:
- Vai nos assistir hoje à noite?
- Claro! Respondeu ela ruborizada.
- Que bom!  Então até mais tarde!
E despediu-se dela com um beijo no rosto.
Faltava-lhe o ar.
- Moça, está se sentindo bem? Perguntou o garoto que a acompanhava pelo hotel.
- Sim, obrigada por tudo, eu tenho que ir!
 E saiu apressadamente.
Entrou no carro e ainda não conseguia respirar direito. Começou a rir sozinha.
 - Ele me beijou!
 Pensava consigo mesma enquanto acariciava o próprio rosto no local onde havia sido beijada.
Demorou alguns minutos para se recuperar do êxtase em que se encontrava. Respirou fundo, girou a chave na ignição e foi embora.
Já em casa, tirou as sandálias e foi para o quarto. Escolheu o vestido mais bonito e sensual que tinha. Era azul petróleo decotado na frente e nas costas. Adorava este vestido. Experimentou-o e olhou-se no espelho. Ele lhe caía muito bem. Ela era bonita e tinha um corpo bem feito, mas aquele vestido azul a deixava com a cintura ainda mais fina e seios maiores.
 - Sexy! Disse para si mesma.
O telefone tocou, era Carol dizendo que ela e Cris passariam para buscá-la às 20:00h.
Deitou-se um pouco e descansou. Adormeceu pensando naquele beijo na bochecha. Acordou e já eram 19:00h. Tomou um banho rápido e começou a enfeitar-se. Caprichou na maquiagem dos olhos, batom vermelho, vestido azul petróleo, estava deslumbrantemente linda! O interfone tocou, mandou um beijo para si no espelho e saiu.
Carol e Cris estavam animados e os três conversavam sem parar.
- Chegamos! Disse Cris.
- Hoje é dia de rock baby! Completou ele e as duas amigas riram alto.
Encontraram Amanda e Ricardo na portaria. Entraram e procuraram o melhor lugar em frente ao palco para assistirem ao show.
Demorou cerca de uma hora até que as cortinas se abriram e luzes ao fundo se acenderam. Um homem grisalho pegou o microfone fez alguns agradecimentos e chamou para o delírio de todos a banda 330 Hertz!
O show começou animado! Eles tocaram primeiro suas músicas mais agitadas, a multidão pulava e cantava aos gritos junto com a banda.
De repente tudo se acalmou e o som de um piano começou a tocar as primeiras notas de “Diga que sim”.
Ana sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo.
 - Ah esta música!...
Marcus chegou bem à frente do palco, abaixou-se e começou a cantar. Ele cantava de olhos fechados. Ana estava em pleno delírio de amor quando os olhos de Marcus se abriram e encontraram-se com os seus. Ele sorriu e estendeu-lhe a mão, chamando-a.
- Oh meu Deus, oh meu Deus!!! Isto está mesmo acontecendo? Dizia ela.
Os amigos começaram a incentivá-la gritando para ir logo, quando um segurança veio ajudá-la a subir ao palco.
Marcus segurou-lhe a mão esquerda e cantou olhando dentro dos seus olhos. Seu corpo pegava fogo. Durante o refrão deu o microfone para que Ana cantasse. Ela adorava cantar, mas estava tão emocionada que a voz quase não saiu. Terminou a música e ele deu-lhe um abraço e um beijo na testa e o segurança veio ajudá-la a descer.
Desceu com as pernas trêmulas. Os amigos riam animados.
- Eu não vou dormir hoje! Disse Ana.
- Tiramos várias fotos! Disseram eles rindo dela.
O show acabou e um grupo de fãs tentava entrar no camarim. Cris estava louco para ir lá também e ficou insistindo com os amigos.
- Os caras são feras demais! Quero falar com eles, tirar umas fotos!
 Todos riram e concordaram. Ricardo tinha uns conhecidos que faziam parte da equipe organizadora do evento e conseguiu que os deixassem entrar.
Ana ainda estava com cara de tola pelo acontecido e os amigos não paravam de zombar dela:
 - Desmancha essa cara de apaixonada garota!
 E riram.
Entraram no camarim e Cris foi logo tomando à dianteira e se apresentando para os caras. Apresentou as meninas e Marcus respondeu:
 - Esta eu já conheço! Falou referindo-se a Ana.
Ela sorriu envermelhando o rosto e aproveitou para agradecer a oportunidade de ter sido chamada ao palco. Amanda e Carol eram loucas pelo guitarrista e logo grudaram nele para conversar e tirar fotos. Cris e Ricardo ficaram conversando com o baterista. O baixista dava atenção a outro grupo de fãs e Ana ficou parada de frente a Marcus, sem reação.
- Gostaram do show? Perguntou ele.
- Sim, foi ótimo! Com certeza eu gostei mais que todo mundo! Até subi ao palco! Respondeu ela sorrindo.
- Gosto de chamar fãs para cantar comigo e quando abri os olhos vi você, a reconheci do hotel hoje à tarde.
- Obrigada por ter me escolhido então! Respondeu ela e não conseguia parar de sorrir.
- Seu sorriso é lindo!
Disse ele e completou:
 - Não precisa ficar com vergonha.
 Vendo que Ana estava com o rosto bem vermelho.
- Como está sendo para vocês lidar com isso tudo que está acontecendo?  Perguntou ela tentando se recompor.
- Está sendo lindo! E assustador, é claro! Até seis meses atrás não tínhamos mil seguidores nas redes sociais e hoje esse número passa de dois milhões! Onde vamos fazer shows a casa está sempre lotada e as pessoas cantam junto. Com certeza é um sonho tornado realidade! Falou ele emocionado.
- Imagino mesmo que deva estar sendo incrível! Comprei o DVD de vocês, sou uma dos dois milhões de seguidores nas redes sociais. Também o sigo no Instagram. Disse baixinho.
Ele riu, tirou seu celular do bolso e perguntou:
 - Quem é você aqui?
- Anadecor. Comentei sua última postagem... Respondeu sorrindo.
- Deixa-me procurar aqui, anhan, achei anadecor, pronto, agora também estou seguindo você! Falou dando uma piscadinha e estralando a língua.
- Vamos embora Ana? Perguntou Carol de braços dados com Cris.
- Sim, vamos! Respondeu ela e despediu-se de Marcus com um beijo no rosto dele.
- Tem gente que não vai mesmo dormir hoje, hein! Provocou Carol ao entrarem no carro.
Ana estava ali, mas seus pensamentos estavam longe.
Os amigos deixaram-na em casa. Era tarde, passava das duas horas da manhã.
Ela tomou um copo de leite com chocolate, escovou os dentes, tirou o vestido e as sandálias e foi deitar-se. Adormeceu rápido e sonhou com Marcus. Estavam no palco, ele cantava para ela, olhando dentro dos seus olhos. Quando a música terminou, ele a abraçou e Ana beijou-lhe os lábios demoradamente. Marcus sussurrou ao seu ouvido:
- Quero você pra mim!
Ana acordou assustada e adormeceu novamente.

Levantou-se tarde na manhã do domingo.

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