Oi gente! Hoje resolvi escrever duas vezes aqui no blog, pois decidi postar novamente os primeiros capítulos do meu primeiro romance "Contra todas as probabilidades", assim, quem ainda não conhece poderá ler um pouquinho e, caso se interesse, poderá acompanhá-lo nas publicações mais antigas (novembro, dezembro e janeiro) ou poderá lê-lo no Wattpad ou no Widbook!
PS: Quem já conhece pode matar saudade!
Beijos!
Contra todas as probabilidades
Capítulo
um
Ana
acordou e olhou no relógio do celular, eram 08:30h da manhã de um domingo que
parecia ser mais um... Sem ânimo espreguiçou-se lentamente e decidiu levantar-se
da cama.
Ligou
o rádio e uma voz rouca cantava uma melodia de amor, pareceu-lhe bom o som que
ouvia. Escovou os dentes, lavou o rosto tão devagar como se não tivesse pressa
para terminar, olhou-se no espelho e viu algo que há muito não via: o seu
próprio olhar. Aquele que a fazia lembrar-se
de quando sonhava e acreditava que um dia tudo iria dar certo no amor. Teve
saudades de si mesma e sorriu. Amarrou o cabelo no alto da cabeça e foi
preparar um café. Aquele cheirinho de café quente com chocolate que tanto amava
despertou-lhe sensações boas. Realmente sentia-se diferente naquele dia, certo
frenesi parecia tomar-lhe a alma. Terminou o café, colocou sua roupa de
ginástica e foi caminhar no parque.
O
vento no rosto, o cheiro de eucalipto vindo das árvores no ar, o barulho de
crianças, algo insistia em tocar-lhe os sentidos. Começou a caminhar cada vez
mais rápido até que se viu correndo, há tempos não corria. A liberação de
adrenalina e endorfina pelo corpo só aumentava-lhe a sensação de prazer e de
que aquele estava sendo um dia diferente.
Voltou
para casa animada e teve vontade de organizar suas coisas, há muito não fazia
isso! Seu trabalho consumia-lhe o tempo, mas não se importava, até gostava. Abriu
as cortinas do quarto e as janelas. O vento entrou suave. Arrumou a cama e
abriu o guarda-roupa. Quanta coisa ali já não usava mais! Decidiu ir tirando
tudo que já não gostava e separou para doação. Deparou-se com um espaço enorme
e sorriu satisfeita! Naquele instante, enquanto admirava o próprio feito,
observou uma caixa onde costumava guardar lembranças. Pegou a caixa e sentou-se
no chão e começou a vasculhar lentamente fotos da infância ao lado dos pais,
cartas, tickets de museus, shows,
parecia tão feliz naquelas lembranças que uma lágrima rolou pelos seus olhos.
Colocou tudo de volta, tampou e a guardou no mesmo lugar, achava que ela ficava
bem ali, como se assim pudesse proteger todos aqueles bons momentos que vivera.
A fome bateu-lhe e resolveu cozinhar.
Saiu
e foi à feira. Comprou legumes frescos e peixe, adorava peixe. Cozinhou com a
felicidade de uma criança e pôs-se a cantarolar, gostava de cantar! Saboreou a
refeição que acabara de fazer como se fosse a última que estava comendo na vida!
- Que delícia! Pensou.
De barriga cheia e com o corpo um pouco
cansado da corrida no parque, ligou a TV e deitou-se no tapete no chão da sala.
Mudando os canais, como quem procura algo interessante para ver, aquela voz
rouca lhe chamou a atenção. Era a mesma voz que cantava a bela melodia de amor
pela manhã no rádio, sorriu e deixou a TV neste canal. Uma banda nova de rock
de nome “330 Hertz” se apresentava num show. Sentiu que realmente gostava
daquilo e adormeceu feliz.
Acordou
assustada algumas horas depois, tomou um banho demorado, adorava a sensação de
prazer da água quente em contato com sua pele. Com uma toalha enrolada nos
cabelos e outra no corpo saiu do banheiro com vontade de enfeitar-se. Abriu o guarda-roupa
satisfeita com a arrumação que fizera mais cedo e pegou uma caixinha com
esmaltes e material para fazer as unhas. Sentou-se próximo à janela e sem
pressa cortou, lixou, tirou as cutículas e pintou as unhas de vermelho,
realmente ficava bem de esmalte vermelho! Escolheu um vestido leve e colorido,
calçou confortáveis sandálias de salto, pegou a bolsa e saiu.
O
dia estava lindo e merecia ser aproveitado. Foi ao shopping. Decidiu parar o
carro um pouco antes e seguir caminhando a pé para desfrutar aquela bela tarde
de primavera. As árvores pelo caminho estavam floridas, adorava ipês amarelos!
O sol batia-lhe no rosto e uma brisa leve soprava-lhe os cabelos. Sentia-se bem
como há muito tempo não sentia. Chegando foi a uma livraria. Caminhou por entre
as prateleiras folheou um, depois outro e decidiu comprar um romance. Ainda
estava admirada com suas unhas vermelhas! Sentia-se bonita. A livraria tinha
uma sessão de música, parou por ali um momento. Coisas novas, coisas antigas...
Gostava de músicas antigas. De repente a
capa de um DVD chamou-lhe a atenção.
- Realmente hoje é dia de 330 Hertz! Pensou
sorridente.
Resolveu
levar também o DVD da banda nova de rock do moço da voz rouca. Pagou as compras
e passeou pelo shopping olhando as vitrines. Sentou-se na praça de alimentação
e pediu um sorvete de pistache.
- Hum... Como isso é bom! Disse para si mesma
baixinho.
Chegando
à sua casa colocou o DVD novo para tocar, tirou as sandálias e sentou-se no
sofá com os pés para cima.
-
Não tinha reparado como aquele cantor era lindo! Falou em voz alta e levantou
uma sobrancelha como fazia quando estava intrigada.
Aquele
homem rouco cantando com os olhos fechados a estava matando! Após assistir o
DVD ligou seu notebook e verificou seus emails e suas redes sociais.
- Mais do mesmo!...
Balbuciou
um pouco entediada. Até que um pensamento fortuito surgiu-lhe à mente e a fez
sorrir:
- Como chama mesmo aquele cantor gatinho?
Vasculhando a internet encontrou tudo sobre a
banda 330 Hertz e entrou nas páginas das redes sociais do tal Marcus, o cantor.
Ficou horas ali vendo fotos, lendo os comentários das fãs, sentindo-se uma
adolescente empolgada!
A
fome bateu-lhe de novo e já estava tarde. Comeu o que sobrou do almoço, escovou
os dentes, vestiu o pijama e foi dormir.
O
relógio despertou às 07:15h, ainda estava com sono. Sonhou a noite toda com
Marcus e acordou excitada. Tomou um banho quente e ensaboar seu próprio corpo
estava causando-lhe arrepios.
-
Ah Marcus!... Gemeu baixinho.
-
Como isso é bom! Melhor que sorvete de pistaches…
Saiu sorrindo do banheiro.
Chegou
ao serviço pontualmente às 08:00h, o trânsito estava bom, pegou um café
expresso na entrada e seguiu para seu escritório. Já tinha cliente esperando.
Ana
era uma bela jovem de 27 anos, pele clara, cabelos e olhos castanhos. Tinha um
sorriso lindo, com dentes perfeitos. Era bem sucedida profissionalmente. Trabalhava
como decoradora de interiores numa firma de arquitetura e decoração da qual era
sócia.
O
casal que a aguardava entrou e ela os atendeu com todo seu entusiasmo.
Entusiasmo para trabalhar era habitual em Ana, mas ela estava especialmente
animada e em dias assim a equipe sabia que teria muito trabalho pela frente.
O
dia passou voando! Decidiu os últimos detalhes para iniciar o projeto de
reforma e decoração do primeiro casal do dia, visitou duas obras e saiu para fazer
compras para uma terceira. Adorava o que fazia e seus clientes a amavam.
Chegou
em casa às 19:00h exausta. Tomou um banho, jantou e começou a ler o livro que
comprara no dia anterior.
A
vida profissional de Ana ia muito bem, mas sua vida pessoal andava um pouco de
lado. Já fazia um ano que não tinha namorado, nem um caso sequer. Adorava seus
amigos, mas os via cada vez com menos frequência. Era uma mulher bem sucedida e
solitária.
Leu
um pouco e adormeceu.
A
semana toda seguiu agitada, muitos compromissos de trabalho, poucas horas de
lazer. Até que chegou sábado. Acordou
cedo e pulou da cama. Tomou seu delicioso café com chocolate e foi correr no
parque. Quando chegou em casa o seu telefone estava tocando, havia deixado-o em
cima da mesa da cozinha. Era sua amiga Carolina quem chamava.
-
Bom dia Carol, quanto tempo!
-
Bom dia, Ana, sua sumida! Abandonou os amigos, foi?
-
É a correria do dia a dia que deixa a gente sem tempo, amiga, jamais
abandonarei vocês, sabe que eu te amo, não é mesmo?
-
Amiga, vem almoçar comigo, estou morrendo de saudades, o Cris está em casa e
chamou Ricardo e Amanda também! Venha, vai ser divertido!
-
Ok, vou sim! Vou tomar um banho e estou indo para aí, querem que eu leve alguma
coisa?
-
Trás aquele sorvete de pistaches que adora! Beijos e até daqui a pouco.
- Beijos e até!
Ana
tomou um banho rápido, vestiu um short jeans e blusa regata, calçou uma
sandália baixa, perfumou-se e passou seu batom vermelho preferido antes de sair.
O
almoço foi muito agradável. Ana, Carol e Amanda eram amigas de infância e se
adoravam, apesar de não se verem com frequência. Cris, marido de Ana, e Ricardo,
namorado de Amanda, eram muito amigos e divertidos. Cris tocava violão muito
bem e a turma toda adorava cantar junto com ele.
De
repente Cris começou a tocar “Diga que sim”, um hit da banda 330Hz que Ana já amava
e sabia de cor. Todos cantaram alto juntos e empolgados. Ao terminar a música
Cris disse:
-
Pessoal, não sabia que vocês também gostavam deles! São novos no mercado, mas
muito bons, não é mesmo? Sabiam que eles virão fazer show aqui na cidade?
Podíamos ir todos juntos, o que acham?
Ana
estremeceu só de pensar em ver de perto o homem que andava perturbando-lhe o
sono.
Muito
animados todos concordaram e combinaram de ir juntos, até que Ana perguntou:
-
Cris, quando será o show? Já estão vendendo ingressos?
Ele
respondeu que o show seria dali a três semanas e que os ingressos já estavam a
venda sim.
Ana
foi logo dizendo:
- Vamos comprar para ficarmos em frente ao
palco, hein! Quero vê-los de pertinho!
E
sorriu ruborizada.
Os
dias que se seguiram passaram rápido. Os amigos compraram os ingressos para
assistir ao show na área vip em frente ao palco e Ana ouvia cada vez mais as
músicas da 330Hz, nas suas poucas horas livres do dia, na voz rouca de Marcus que lhe perturbava
tanto. Os sonhos eróticos com o cantor estavam cada vez mais frequentes e
reais.
Capítulo dois
A
banda 330Hz tinha caído no gosto popular cantando canções de rock romântico e
hits mais “rock and roll”. Era
composta por quatro integrantes jovens, bonitos e tatuados. Dois deles eram cabeludos,
mas quem vivia mesmo a atormentar o imaginário de Ana e de muitas mulheres país
a fora era Marcus. Ele era um jovem de 25 anos que se destacava por ser alto,
devia medir cerca de 1,90m, braços fortes e tatuados, pele clara, rosto bonito,
nariz pequeno e perfeito, olhos castanhos sedutores e voz rouca estonteante.
A
vida dos integrantes da banda mudara drasticamente nos últimos meses desde que
haviam participado de um reality show
musical. Antes desconhecidos do público a nível nacional, agora faziam shows em
turnê por todo país e já contabilizavam seus primeiros milhões de seguidores
nas redes sociais.
Marcus,
o vocalista, era um menino tímido que cresceu gostando de música e tinha um dom
natural para tocar instrumentos e para compor belas canções. Sua voz rouca e
elástica, capaz de atingir desde tons bem agudos aos mais graves foi um
destaque da banda desde suas primeiras apresentações no show da TV. Ele já
vivia da música há alguns anos, cantando em bares à noite e nem sonhava que o
sucesso estava tão perto de acontecer. Namorava há algum tempo Fabiana, por
quem era apaixonado, mas a rotina dos shows país a fora estava deixando-os cada
vez mais afastados. Fabi, como era carinhosamente chamada por ele, até tentava
compreender a distância e o assédio das fãs, contudo já estava ficando cansada.
Após
quatro noites seguidas sem dormir direito, vindo de shows em cidades diferentes,
Marcus chegou a mais um hotel, onde os integrantes da banda descansariam por
três dias até a próxima apresentação.
Cansado
desfez a mala, tomou um banho, comeu um lanche e ligou para Fabi:
-
Oi amor! Saudades de ouvir sua voz! Já faz dois dias que não nos falamos...
-
Oi Marcus! Fizeram boa viagem?
-
Fizemos sim, foram duas horas de viagem, com uma conexão um pouco demorada, mas
o voo foi tranquilo, chegamos bem! O quê você está fazendo agora?
-
Terminando um projeto para a Faculdade, também tenho provas na próxima semana.
Os estudos e o trabalho estão me deixando exausta!
-
Estou sentindo sua falta! Disse Marcus em tom melancólico.
-
Precisamos conversar Marcus, isso não está dando certo! Tenho me sentido
sozinha e sempre que vejo suas páginas nas redes sociais tenho vontade de
enforcar umas mil fãs!
-
Calma meu amor, você sabia que seria assim...
-
Sabia, mas não estou conseguindo suportar! Acho melhor a gente terminar o
namoro, dar um tempo, para vermos se é realmente isso que a gente quer.
E
começou a chorar.
-
Calma, não quero terminar nada, eu amo você!
Disse
ele triste.
Fabiana,
que não estava mais aguentando a situação, enxugou as lágrimas do rosto e disse
com a voz firme:
-
Vai ser melhor assim! Vá descansar, depois a gente conversa mais. Beijos. Boa
noite!
E desligou o telefone.
Marcus
ficou perplexo. Por mais que amasse Fabiana, sabia que não estava sendo fácil,
mas não imaginava que ela terminaria o namoro assim. Adormeceu chorando.
Passava
das 10:00h da manhã quando o telefone do quarto tocou, ele abriu os olhos e o
sol entrava por frestas na cortina.
-
Alô! Disse ele.
Do
outro lado da linha era Caio, guitarrista da banda que falou:
- Bom dia “bela adormecida”! Vamos tomar café
da manhã e malhar um pouco?
Marcus realmente não estava afim, sentia-e
cansado, ainda com sono e triste. Disse ao amigo:
-
Vão vocês! Hoje meu dia vai ser na horizontal! Tô morto cara.
Caio
até tentou insistir, mas foi em vão. Despediu-se do amigo e saiu do quarto para
tomar café.
Marcus
adormeceu novamente. Acordou assustado e com fome, passava do meio dia. Pediu o
almoço no quarto mesmo. Comeu assistindo a TV, estava passando um jogo, adorava
basquete, mas sentia-se desanimado. Terminou de assistir o jogo, tomou um banho
e caiu na cama novamente, acordou só no outro dia. Levantou cedo, tomou café com
os companheiros e foram os quatro para academia do hotel. Malharam e foram dar
uma volta pela cidade, encontraram alguns fãs, tiraram fotos e deram
autógrafos. No dia seguinte conferiram os preparativos para a próxima
apresentação, eles foram até o local passar o som.
O
show foi um sucesso, a casa estava lotada e os fãs cantavam junto. Isto os
deixava muito emocionados. Fazia qualquer esforço valer à pena!
Já
era hora de partir novamente.
Capítulo três
Ana
sentia-o roçar seu rosto com a barba por fazer e beijar-lhe a boca
demoradamente. Suas mãos passeavam por seu corpo e ela o desejava. Tirou a
camiseta dele e passou as mãos por suas tatuagens, apertou-se naqueles braços
fortes. Ele levantou sua saia e abaixou sua calcinha. Ela já estava delirando
de prazer quando o despertador tocou.
Acordou
encharcada de suor e louca de excitação. Esse homem andava perturbando-lhe a
mente. Tomou mais um de tantos banhos demorados pensando em Marcus.
Vestiu-se
e foi para o trabalho. O dia foi cheio, entretanto era sexta-feira e isto a
animava. Ainda mais animada estava, pois o dia do show chegara, só mais uma
noite e já seria sábado! O grande sábado pelo qual passou três semanas
esperando. Ao chegar em casa ligou para as amigas. Tudo combinado, agora era só
esperar. Dormiu tarde, pois estava um tanto agitada.
Acordou
cedo no dia seguinte, tomou o seu café com chocolate rotineiro dos finais de
semana e foi correr no parque. Ao voltar, tomou banho, depilou as pernas e
virilhas, acabou depilando tudo, pois estava com vontade de se sentir assim
toda depilada! Fez as unhas de vermelho, é claro, e começou a pensar em que
roupa vestiria a noite. Ligou a TV, passava o jornal local, deixou cair o vidro
de removedor de esmaltes que estava segurando quando viu Marcus sorridente
respondendo às perguntas da entrevistadora.
-
Meu Deus, como é lindo! Disse baixinho para si mesma. Sentou-se e assistiu a
entrevista. Eles já estavam na cidade, era cedo ainda e uma ideia louca
passou-lhe na cabeça:
-
Eu podia encontrá-lo...
Preparou
o almoço. Enquanto comia, a ideia de ver seu amado pessoalmente e poder falar
com ele não lhe saía do pensamento. Terminou de almoçar, escovou os dentes,
vestiu-se e ligou seu notebook a fim de descobrir onde a banda estava
hospedada. Procurou, procurou e de repente uma nota em algum lugar, quase
despercebida dizia que a banda se hospedaria no Hotel Ceblebration Inn.
- Nome
mais apropriado não podia ter! Pensou sorrindo.
Calçou
suas sandálias de salto preferidas e saiu.
Parou
de frente ao hotel e percebeu que um grupo de pessoas agitava-se por lá. Ficou
dentro do carro só observando o movimento e de repente viu Marcus na janela
acenando para os fãs. Quase entrou em colapso nervoso. Queria vê-lo sim, mas
não queria ser uma tiete tola com papel na mão atrás de autógrafo...
-
Mas como fazê-lo? Pensa Ana, pensa! Disse a si mesma.
Desceu
do carro decidida e encaminhou-se à recepção do hotel. Abriu espaço pelos fãs e
entrou.
-
Bom dia! Disse gentilmente para a recepcionista.
-
Sou Ana Dulmon, decoradora de interiores, estou fazendo uma pesquisa de campo
para uma publicação e tenho visitado os melhores hotéis da cidade em busca de
inspiração.
Ana
Dulmon era um nome conhecido na cidade e a recepcionista animou-se:
-
Bom dia senhora, como poderia ajudá-la?
-
Eu ficaria extremamente grata se me deixasse dar uma volta pelo hotel, seus
corredores, áreas de alimentação e lazer!
-
Claro senhora, fique à vontade! Vou pedir a alguém que te acompanhe!
O
coração de Ana acelerou e suas mãos ficaram frias.
Depois
de meia hora andando lentamente pelo hotel à espreita, tirando fotos vez ou
outra e fingindo fazer algumas anotações, começou a pensar que aquilo era
ridículo.
-
E se ele não saísse do quarto? Como poderia encontrá-lo?
De
repente uma voz familiar chamou-lhe a atenção:
-
Com licença moça! Eu poderia passar por aqui?
Virou-se
gelada e estava a 10 cm de distância dele:
-
Marcus... Falou baixinho com os olhos assustados.
-
Sim, sou eu!
Disse
ele sorrindo e completou:
- Perdão se a assustei!
-
Não, desculpe-me você, eu estava distraída fazendo umas anotações sobre o
hotel...
Ele
sorriu novamente e perguntou:
-
Trabalha aqui?
-
Não, deixe-me apresentar, sou Ana Dulmon, decoradora de interiores, estou
fazendo uma pesquisa de campo para um projeto.
Ele
cumprimentou-a com um aperto de mão firme e perguntou em tom brincalhão:
-
Vai nos assistir hoje à noite?
-
Claro! Respondeu ela ruborizada.
-
Que bom! Então até mais tarde!
E
despediu-se dela com um beijo no rosto.
Faltava-lhe
o ar.
-
Moça, está se sentindo bem? Perguntou o garoto que a acompanhava pelo hotel.
-
Sim, obrigada por tudo, eu tenho que ir!
E saiu apressadamente.
Entrou
no carro e ainda não conseguia respirar direito. Começou a rir sozinha.
- Ele me beijou!
Pensava consigo mesma enquanto acariciava o
próprio rosto no local onde havia sido beijada.
Demorou
alguns minutos para se recuperar do êxtase em que se encontrava. Respirou fundo,
girou a chave na ignição e foi embora.
Já
em casa, tirou as sandálias e foi para o quarto. Escolheu o vestido mais bonito
e sensual que tinha. Era azul petróleo decotado na frente e nas costas. Adorava
este vestido. Experimentou-o e olhou-se no espelho. Ele lhe caía muito bem. Ela
era bonita e tinha um corpo bem feito, mas aquele vestido azul a deixava com a
cintura ainda mais fina e seios maiores.
- Sexy! Disse para si mesma.
O
telefone tocou, era Carol dizendo que ela e Cris passariam para buscá-la às 20:00h.
Deitou-se
um pouco e descansou. Adormeceu pensando naquele beijo na bochecha. Acordou e
já eram 19:00h. Tomou um banho rápido e começou a enfeitar-se. Caprichou na
maquiagem dos olhos, batom vermelho, vestido azul petróleo, estava
deslumbrantemente linda! O interfone tocou, mandou um beijo para si no espelho
e saiu.
Carol
e Cris estavam animados e os três conversavam sem parar.
-
Chegamos! Disse Cris.
-
Hoje é dia de rock baby! Completou ele e as duas amigas riram alto.
Encontraram
Amanda e Ricardo na portaria. Entraram e procuraram o melhor lugar em frente ao
palco para assistirem ao show.
Demorou
cerca de uma hora até que as cortinas se abriram e luzes ao fundo se acenderam.
Um homem grisalho pegou o microfone fez alguns agradecimentos e chamou para o
delírio de todos a banda 330 Hertz!
O
show começou animado! Eles tocaram primeiro suas músicas mais agitadas, a
multidão pulava e cantava aos gritos junto com a banda.
De
repente tudo se acalmou e o som de um piano começou a tocar as primeiras notas
de “Diga que sim”.
Ana
sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo.
- Ah esta música!...
Marcus
chegou bem à frente do palco, abaixou-se e começou a cantar. Ele cantava de
olhos fechados. Ana estava em pleno delírio de amor quando os olhos de Marcus
se abriram e encontraram-se com os seus. Ele sorriu e estendeu-lhe a mão,
chamando-a.
-
Oh meu Deus, oh meu Deus!!! Isto está mesmo acontecendo? Dizia ela.
Os
amigos começaram a incentivá-la gritando para ir logo, quando um segurança veio
ajudá-la a subir ao palco.
Marcus
segurou-lhe a mão esquerda e cantou olhando dentro dos seus olhos. Seu corpo
pegava fogo. Durante o refrão deu o microfone para que Ana cantasse. Ela
adorava cantar, mas estava tão emocionada que a voz quase não saiu. Terminou a
música e ele deu-lhe um abraço e um beijo na testa e o segurança veio ajudá-la
a descer.
Desceu
com as pernas trêmulas. Os amigos riam animados.
-
Eu não vou dormir hoje! Disse Ana.
-
Tiramos várias fotos! Disseram eles rindo dela.
O
show acabou e um grupo de fãs tentava entrar no camarim. Cris estava louco para
ir lá também e ficou insistindo com os amigos.
-
Os caras são feras demais! Quero falar com eles, tirar umas fotos!
Todos riram e concordaram. Ricardo tinha uns
conhecidos que faziam parte da equipe organizadora do evento e conseguiu que os
deixassem entrar.
Ana
ainda estava com cara de tola pelo acontecido e os amigos não paravam de zombar
dela:
- Desmancha essa cara de apaixonada garota!
E riram.
Entraram
no camarim e Cris foi logo tomando à dianteira e se apresentando para os caras.
Apresentou as meninas e Marcus respondeu:
- Esta eu já conheço! Falou referindo-se a
Ana.
Ela
sorriu envermelhando o rosto e aproveitou para agradecer a oportunidade de ter
sido chamada ao palco. Amanda e Carol eram loucas pelo guitarrista e logo
grudaram nele para conversar e tirar fotos. Cris e Ricardo ficaram conversando
com o baterista. O baixista dava atenção a outro grupo de fãs e Ana ficou
parada de frente a Marcus, sem reação.
-
Gostaram do show? Perguntou ele.
-
Sim, foi ótimo! Com certeza eu gostei mais que todo mundo! Até subi ao palco! Respondeu
ela sorrindo.
-
Gosto de chamar fãs para cantar comigo e quando abri os olhos vi você, a reconheci
do hotel hoje à tarde.
-
Obrigada por ter me escolhido então! Respondeu ela e não conseguia parar de
sorrir.
-
Seu sorriso é lindo!
Disse
ele e completou:
- Não precisa ficar com vergonha.
Vendo que Ana estava com o rosto bem vermelho.
-
Como está sendo para vocês lidar com isso tudo que está acontecendo? Perguntou ela tentando se recompor.
-
Está sendo lindo! E assustador, é claro! Até seis meses atrás não tínhamos mil
seguidores nas redes sociais e hoje esse número passa de dois milhões! Onde
vamos fazer shows a casa está sempre lotada e as pessoas cantam junto. Com
certeza é um sonho tornado realidade! Falou ele emocionado.
-
Imagino mesmo que deva estar sendo incrível! Comprei o DVD de vocês, sou uma
dos dois milhões de seguidores nas redes sociais. Também o sigo no Instagram. Disse
baixinho.
Ele
riu, tirou seu celular do bolso e perguntou:
- Quem é você aqui?
-
Anadecor. Comentei sua última postagem... Respondeu sorrindo.
-
Deixa-me procurar aqui, anhan, achei anadecor, pronto, agora também estou
seguindo você! Falou dando uma piscadinha e estralando a língua.
-
Vamos embora Ana? Perguntou Carol de braços dados com Cris.
-
Sim, vamos! Respondeu ela e despediu-se de Marcus com um beijo no rosto dele.
-
Tem gente que não vai mesmo dormir hoje, hein! Provocou Carol ao entrarem no
carro.
Ana
estava ali, mas seus pensamentos estavam longe.
Os
amigos deixaram-na em casa. Era tarde, passava das duas horas da manhã.
Ela
tomou um copo de leite com chocolate, escovou os dentes, tirou o vestido e as
sandálias e foi deitar-se. Adormeceu rápido e sonhou com Marcus. Estavam no
palco, ele cantava para ela, olhando dentro dos seus olhos. Quando a música
terminou, ele a abraçou e Ana beijou-lhe os lábios demoradamente. Marcus
sussurrou ao seu ouvido:
-
Quero você pra mim!
Ana
acordou assustada e adormeceu novamente.
Levantou-se
tarde na manhã do domingo.