sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Contra todas as probabilidades - Capítulo bônus

Oi gente! Tudo bem com vocês? Sou a escritora Renata R. Corrêa, autora do romance "Contra todas as probabilidades". Conforme prometido, hoje estou postando um capítulo bônus do meu livro! Quem aí já leu ou tem o meu ebook? Acho que quem já terminou a leitura vai gostar deste capítulo! E para quem ainda não leu, ele é um brinde para conhecer um pouco da minha escrita e aguçar a curiosidade pelo livro! Espero que gostem! Quem já leu se puder avaliá-lo lá no Amazon eu agradeço! Boa leitura! Beijos!

Deixo aqui o link do ebook no Amazon, quem ainda não tem este meu romance, aproveite que ele está com um  precinho super especial, apenas R$4,66! Não percam!

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Seis anos depois

— Minha filha, ande logo, assim vamos nos atrasar! — falo tentando soar séria, mas com uma doçura que escapole de meus lábios ao me virar para Giovana e vê-la se olhando no espelho com um sorrisinho travesso nos lábios, girando fazendo o vestido rodar, feliz e ansiosa.
— Estava só dando mais uma olhadinha, mamãe! — disse e veio correndo em minha direção. — Estou bonita? — perguntou com seu jeitinho doce, rodopiando mais uma vez em minha frente, fazendo-me derreter de amores. Sempre que olho para ela vejo meus olhos e o sorriso do pai. Giovana também tem aquele mesmo nariz perfeito que Marcus ostenta em seu rosto, ela é uma criança alegre e espirituosa, tem a pele clara como as nossas e os cabelos castanhos também como os nossos, longos, lisos com alguns cachinhos nas pontas e uma franja que emoldura seu lindo rosto infantil. Parece uma bonequinha e meu coração transborda de alegria por vê-la assim tão esperta, tão amorosa, crescendo feliz! Uma criança que desejei tanto e que veio como uma surpresa do destino, um presente de Deus depois de tudo que passei, depois de uma vida solitária. Minha pequena é uma guerreira por ter sobrevivido em meu ventre na época do acidente! Meu milagre, minha benção! Emociono-me ao reviver tantos momentos e tenho de enxugar uma lágrima que cai discretamente de meus olhos.
— Está linda, meu bem! — digo, abaixando-me para beijar sua face, quando ouço o alerta de mensagens do celular, então me viro para direita e caminho até uma mesa de canto e o procuro dentro de minha bolsa. Sorrio ao ler as mensagens de Amanda e Carol nos desejando uma noite espetacular. Mesmo morando agora em cidades diferentes, nunca perdemos contato. Fiquei muito feliz quando soube, pouco antes de Giovana nascer, que enfim Carol estava grávida! Minha amiga nasceu para ser mãe e já estava tentando engravidar há um tempo, foi uma alegria enorme vê-la comemorar a maternidade. Nossas filhas são muito amigas, ela também teve uma menininha, a Laura, e em férias escolares sempre damos um jeitinho de reunir nossas famílias por alguns dias. Amanda se casou com Ricardo há três anos e estão grávidos do primeiro filho, um menininho que se chamará Davi. Estão transbordando felicidade e amor e fico feliz demais por ver minhas amigas realizadas como mulheres, profissionais e mães. Devolvo o celular à minha bolsa, interrompendo meu devaneio saudosista e volto minha atenção para a menininha saltitante à minha frente.
— Agora vamos, filhota! Venha! — falei estendendo minha mão para ela que a segurou com seus dedinhos minúsculos.
— Já estão prontas? — pergunta Marcus saindo do banheiro, ajeitando o nó da gravata. Os anos se passaram e alguns fios grisalhos apareceram em seu cabelo, mas ele continua sendo o mesmo homem lindo por quem me apaixonei. Percebo que ele está tentando disfarçar, pois já o conheço muito bem, mas também está muito ansioso. Não consigo desviar meus olhos dos seus enquanto caminha em nossa direção e suas emoções tão visíveis para mim me contagiam fazendo um sorriso iluminar meu rosto e meu coração bater mais forte. Estou emocionada e orgulhosa! Olho para ele com doçura e amor, amor pleno e verdadeiro, e quando estamos a poucos centímetros de distância, seu perfume me embriaga. 
— Estamos prontas! — respondo animada. Então ele se inclina para baixo para alcançar meus lábios enquanto sua mão grande, forte e suave segura minha cintura, fazendo aquele velho conhecido arrepio percorrer minha pele. Deus, como mesmo depois de tantos anos ele nunca deixou de provocar esse efeito em mim? — distraio-me por um segundo com meus pensamentos, enquanto ele se abaixa e beija nossa filha no rosto.
— Estão lindas! As mulheres mais lindas do mundo! Sou um homem de sorte! — fala pegando Giovana nos braços e me aproximo colando nossos corpos e pousando minha cabeça em seu ombro. Então delicadamente afaga meu cabelo com a mão livre e me beija a testa.
— Ansioso? — pergunto quase num sussurro ao seu ouvido.
— Tenho que confessar que estou um pouquinho — responde num tom abaixo do que o habitual e percebo que está ainda mais nervoso do que me aparenta.
— Estou muito feliz e orgulhosa de você, meu amor! Vocês mereceram! Depois de tantos anos, ser indicado para um Grammy latino é apenas o reconhecimento pela carreira sólida que tem construído — falo ficando na ponta dos pés para alcançar seus lábios e beijá-los suavemente, o que faz Giovana soltar um gritinho de entusiasmo e eu e Marcus sorrirmos! — Suas letras e músicas são lindas, meu amor, você sabe disso!
— Você acha que eu tenho chances de levar o troféu? — pergunta receoso, enquanto nos encaminhamos para a porta.
— Tenho certeza que sim! — digo sem hesitar, e viro-me para dar uma última olhada no quarto, antes de fechar a porta do quarto do hotel, e fico me perguntando quando foi que me tornei tão bagunceira, ao ver nossas coisas espalhadas por todo canto.
— Papai, também tenho certeza que sim! — fala nossa filha, copiando minha resposta.  — O senhor é o melhor cantor de todos! E o mais bonito também! É claro que vai ganhar! — completa Giovana de forma inocente e entusiasmada, com sua vozinha rouca, grave demais para sua idade, e se agarra ao pescoço do pai para beijá-lo o que provoca uma gargalhada gostosa em nós dois e ela também acaba rindo! E em momentos simples assim, em que compartilhamos felicidade genuína tenho certeza de que tomei as decisões certas em minha vida, que mesmo as erradas foram necessárias, pois elas também contribuíram para que eu e Marcus nos conhecêssemos melhor e nos apaixonássemos, e nosso amor é maior que tudo que já conheci, nosso amor como homem e mulher e nosso amor como família, eu ele e a Gigi — não resisto a tanta fofura e aperto as bochechas dela!
— Ai mamãe! Isso dói, já te disse! Mas te amo mesmo assim! — resmunga sorrindo e piscando os olhinhos para mim, ainda agarrada ao pai.
Pedimos um táxi e quando chegamos à recepção somos avisados de que o motorista já está nos aguardando. Ansiosa mais que tudo, Giovana pede para descer do colo do pai e puxa Marcus e eu pelas mãos.
— Vamos mamãe! Vamos papai! — chama eufórica, nos puxando para que caminhemos mais rápido.
Quando entramos no carro e colocamos o cinto de segurança, ela diz:
— Papai! Fique calmo! Tenho certeza que será o vencedor e levantará o troféu assim! — fala gesticulando os braços para cima de forma exagerada, fingindo estar levantando um troféu imaginário e não conseguimos conter o riso novamente.
Durante o percurso do hotel até o local da premiação fomos os três admirando Los Angeles pela janela, suas luzes e o colorido, era novembro e a cidade estava enfeitada para o Natal, linda! Gigi insistiu para ir na janela e empolgada em treinar o inglês recém descoberto falava a todo momento “look mommy! Look daddy”, o que apesar de cansativo, de tantas repetições, eu achava uma gracinha. Como Marcus é grande demais para andar no assento do meio com conforto, ele ocupou o outro assento ao lado da janela e eu fui no meio dos dois, e mesmo dali dava para observar bem a cidade. Quando descemos a temperatura estava amena, devia estar fazendo por volta de uns dez graus Celsius e como sou friorenta agradeci por ter trazido comigo uma echarpe quentinha.  Giovana estava devidamente agasalhada em seu vestido de mangas compridas e usando meias calças térmicas. Marcus como estava de terno, lindo e sensual, nem sentiu que o tempo estivesse friozinho.
Descemos no tapete vermelho e aquilo parecia surreal. Eu já estivera em outras premiações e eventos importantes da música acompanhando Marcus, mas nada se comparava àquilo que estávamos vivendo. Flashes eram disparados a todo momento. Mesmo incomodada e nervosa pude sentir o apertar dos dedos do meu amor nos meus, denunciando seu nervosismo também.
— Vai dar tudo certo, amor! Esta noite será maravilhosa e inesquecível! — falei “entre dentes”, tentando manter o sorriso estampado no rosto, mesmo que forçado, àquela altura.
Marcus apenas assentiu com a cabeça e tive que segurar Giovana com mais força porque ela estava praticamente saltitando caminho a fora.
Ao entrarmos fomos conduzidos aos nossos assentos.  Meu coração estava acelerado pelas tantas emoções do dia e por saber que a música do Marcus indicada ao prêmio foi composta para mim, há alguns anos antes, mas só recentemente eles da 330 Hertz haviam decidido gravá-la, e rapidamente ela se tornou um sucesso.
Pouco tempo depois que nos sentamos, os demais integrantes da banda e suas famílias também chegaram. Agora éramos muitos!  Caio e Camila engravidaram assim que Giovana nasceu e um ano e meio depois Camila estava grávida novamente. Eles têm duas meninas, que são muito amigas da Gigi. Bárbara e Lucas se casaram há quatro anos e têm um filhinho de dois aninhos.  Leandra e Gustavo tiveram gêmeos há três anos, um casalzinho lindo, mas bastante agitado. Todas essas crianças reunidas eram quase que uma catástrofe anunciada! Eu, Bárbara, Leandra e Camila ficamos o tempo todo tentando controlá-los em seus lugares.
— Vida de mãe não é fácil! — falei mais para mim do que para elas, mas todas rimos juntas concordando.
E então a premiação iniciou. Mal o apresentador começou a falar eu sentia meu peito abafado e um certo desconforto para respirar. As premiações foram acontecendo e quando chegou a vez da melhor canção em língua portuguesa, categoria a que a 330 Hertz estava concorrendo, achei que iria desmaiar. Tive de me controlar para me manter respirando e não apagar de uma vez, tamanha ansiedade, porque eu sabia como esse prêmio era importante para Marcus e o que ela significava em sua carreira e em nossas vidas. E foi assim, entre o barulho das batidas de meu coração, audível até para quem estava ao meu lado, e um turbilhão de emoções, que ouvi o nome da minha música e do meu amor serem anunciados num sotaque americano: “Tudo para mim, the song of the singer Marcus of the band 330 Hertz”, anunciou o apresentador. Logo em seguida ouvimos muitos aplausos e nos levantamos, enquanto uma câmera nos focalizava, o que tentei ignorar, e quando me virei para olhá-lo ele não conseguia mais conter suas emoções e deixava lágrimas percorrerem seu rosto.
— Parabéns, meu amor! Você merece isso e muito mais! Te amo! — falei envolvendo meus braços em seus pescoço e só não o enchi de beijos para não deixá-lo todo borrado de batom.
— Papai, papai, o senhor ganhou, ganhou, eu disse que ganharia! — gritava Gigi, eufórica demais! Então Marcus se abaixou para receber os beijos de nossa filhota superanimada.
— Agora vá lá meu bem! Estão te esperando!
Depois da premiação fomos todos para a festa de comemoração, inclusive as crianças, já que não tínhamos com quem deixá-las. Não é fácil sair com crianças a noite, pois logo elas se cansam e querendo dormir ficam enjoadinhas, mas Gigi parecia ter se esquecido completamente do sono, tamanha empolgação e alegria em que se encontrava. Eu, Bárbara, Leandra e Camila nos alternamos para olhar a turminha para que pudéssemos nos revesar e curtir um pouquinho  a noite ao lado de nossos homens. Quando chegou minha vez de aproveitar, Marcus, visivelmente tranquilo e descontraído me chamou para a pista de dança, servindo-me antes uma taça de champanhe.
— A nós dois, meu bem! E ao amor e à nossa família! — Levantou sua própria taça em minha direção em um brinde, estampando no rosto um sorriso de orelha a orelha!
— A nós! — Brindei minha taça na dele e após beber um gole, aproximei mais meu corpo do seu. — Eu amo você! Parabéns pela conquista! Estou tão orgulhosa e feliz, meu amor! — terminei a frase e lhe dei um beijo caloroso à boca.
— Ana, você é tudo para mim! — falou ainda em minha boca, com os lábios encostados aos meus. — Você e Gigi são meu mundo, meu motivo para querer ser melhor. Eu estava ansioso demais mesmo, porque essa música indicada fiz para você e como ela tem um valor sentimental enorme, queria muito que fosse a vencedora, em sua homenagem, para o mundo inteiro saber como é grande meu amor por você.
— Copiando o rei, meu amor? — falei sorrindo, enquanto me apertava mais ainda a ele, repousando minha cabeça em seu ombro, aproveitei a proximidade e mordisquei sua orelha sentindo sua pele arrepiar.
— Não me provoque assim! — falou quase num gemido, deixando-me satisfeita com o que acabara de provocar nele. — Você sabe muito bem que a Gigi está no mesmo quarto que a gente e não poderemos resolver isso mais tarde, infelizmente — concluiu de forma terrivelmente sedutora.
— Eu estava justamente pensando em como resolver esta questão — falei passeando meu indicador por seus lábios e senti seu rosto se aquecer ainda mais, quando o percebi me olhar curioso.
— E qual seria a solução? — perguntou apertando seus dedos em minha cintura, fazendo minhas pernas estremecerem.
— Camila me disse que acabaram reservando dois quartos conjugados aqui no hotel, para que as meninas pudessem ficar mais à vontade e que tem uma cama auxiliar extra lá. — vi seus olhos brilharem ao me ouvir. — Acho que percebendo que provavelmente quiséssemos ficar a sós e nos curtir um pouco para comemorar sua vitória, ela ofereceu para a Gigi dormir lá esta noite! — terminei de falar distribuindo beijinhos pelo pescoço dele, finalizando com uma mordidinha sedutora em seu lóbulo da orelha, numa promessa antecipada do que eu desejava para mais tarde.
— Ana, Ana... — ele sussurrou deslizando suas mãos por minhas costas. — Você é a mulher mais incrível do mundo, a mais linda e companheira, e eu não poderia deixar de falar, a mais gostosa também! — disse, fazendo-me gargalhar.
— Você esqueceu do mais importante! — exclamei com uma carinha travessa.
— Ah, é? E o que foi que esqueci? — perguntou segurando meu rosto entre suas mãos, mordendo meu queixo suave e provocantemente.
— A mais sortuda! — exclamei convicta. — Acho que nossa história daria um filme! Será que contando para quem não nos conhece seria possível acreditar? — perguntei, fazendo-o sorrir contente e me abraçar forte!
E então ficamos em silêncio por um tempo, apenas sentindo o cheiro um do outro, o movimentar de nossos corpos ao ritmo da música lenta e suave que tocava e eu olhava para aquele lugar decorado de forma tão elegante em tons de vermelho e branco, com enfeites de flores naturais lindíssimos sobre as mesas, e encantada pelos lustres gigantescos de cristal que pendiam do teto. De repente parecia que havíamos sido transportados para um mundo mágico, só nosso e nada nem ninguém importava mais do que aquilo que sentíamos um pelo outro.

A noite foi longa e festiva. Quando chegamos ao hotel, ainda no elevador Marcus me beijou de forma ardente, fazendo-me perder totalmente o fôlego. Entramos no quarto nos agarrando e cumprimos nossa promessa de nos amarmos. Foi quente e delicioso. Exaustos, e ainda empolgados e agitados pelo dia que passamos e pela premiação, demoramos para dormir naquela noite que jamais apagaremos de nossas memórias.

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